A cada dia que passo percebo que existe uma fortaleza se formando. Olho pra trás, para um passado um tanto quanto recente e vejo que muita coisa mudou.
Há um ano atrás eu nem me olhava mais no espelho. Estava tão focada no mundo exterior, fora de mim mesma que acabei perdendo a personalidade, a vaidade, meu próprio gosto. A vida passava pela minha janela e eu só queria acreditar que estava trilhando o caminho certo e que no final todo o esforço seria recompensado.
Bem, muito proveito tirei disso tudo mas posso afirmar que as coisas saíram completamente diferentes do que havia planejado. E essa imprevisibilidade me levou a colapso. Colapso que só agora consegui reunir forças para me curar. Ainda levo umas facadas no decorrer dos dias, cada vez que vejo a pessoa que acho que amo (tenho minhas dúvidas se é amor ou posse, como andei lendo por aí) com outro alguém. Mas sigo mais forte, a cada dia que passa. Conformada com a realidade que me cerca e já tendo consciência de como me comportar, que atitudes tomar para me reerguer. Mas antes, claro, preciso redescobrir quem sou para saber o que quero.
Vai passar. Tudo isso vai passar. E quando eu estiver forte, mas bem forte mesmo, você vai sentir minha falta. E vai me procurar.
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
Eu comigo mesma
Esse texto vai ser confuso. Só um turbilhão de pensamentos mesmo.
As coisas precisam de um tempo para se ajustarem.
E a paciência nesse caso é a maior das virtudes.
Minha vontade era de me mudar. Ir pra bem longe, outra cidade. Da mesma forma que me mudei pra cá, posso me mudar pra qualquer outro lugar. A própria excitação de conhecer um lugar novo, por si só, já iria me distrair e fazer esquecer o que estou passando. Mas tenho um curso pra terminar. Mais seis meses, no mínimo, para ficar aqui, obrigatoriamente. Tendo que encarar a realidade que me cerca e esperando por dias melhores.
Quem faz o dia somos nós mesmos. Então bola pra frente que atrás vem gente.
Já passei tanto tempo sozinha e me curtindo mas não consigo me lembrar como era. Só lembro que adorava. Claro, em alguns dias eu ficava carente, sou humana. Mas na maior parte do tempo, adorava. Fazia o que queria, saia pra comer sozinha, conhecia lugares novos, assistia os filmes que gostava, conhecia músicas novas, me descobria. Eu era mais bonita.
E que assim seja.
E que assim seja.
Pensando bem...
Pensando bem esse tempo sozinha era muito necessário mesmo. Estou reaprendendo a gostar de mim mesma, a saber quais são meus verdadeiros gostos, sem me preocupar em agradar também quem está ao meu lado.
Gosto de filme denso, com legenda (pode até ser sem).
Gosto de livros sobre empreendedorismo e publicidade.
Curto comida leve e barata. Em pouca quantidade. E não tenho horário pra refeição.
Gosto de política, arquitetura, biologia, moda e poesia.
Sou sensível e muito prática.
Gosto de conversar e de longos períodos em silêncio.
Amo ficar sozinha e amo socializar.
Gosto de sexo gostoso, divertido e apaixonado.
E estou amando ter voltado a escrever esse blog.
Pensando bem você nem é tudo aquilo que eu imaginava. Fiquei tão cega de amores de uma hora pra outra que acabei idealizando uma pessoa maravilhosa, perfeita, que seria a solução de todos os meus problemas. Mas não é bem assim que a banda toca. Aliás, essa banda já tocou muito na minha vida. Sei exatamente como é. Só tive uma rápida perda de memória. Mas já estou recuperando ela.
Sofri tanto com a sensação de perda que me esqueci que já tive você. Me esqueci que já sei exatamente como é. E não é como meus sonhos desenharam. Na verdade, o que mais senti falta foi do amor que eu recebi. Talvez tenha ficado desesperada por achar que ninguém nunca mais vai me amar dessa forma ou que eu perdi a única pessoa que me amou de verdade. Mas sabe de uma coisa? O mundo é tão grande, a vida é tão longa e existem tantas pessoas na Terra que não há porque se preocupar tanto. Sem contar que a Terra gira, né? Rotação e translação. O que a gente joga pro universo volta. E o que a gente pede a gente ganha, uma hora ou outra. Por isso, cautela com o que for pedir.
Então, caindo na real, eu sou mais eu, sabe? Sou foda, muito foda mesmo. Sou inteligente e sei tocar a vida das pessoas mesmo estando longe, porque minha energia é grande.
Tô tranquila, de boa.
Tô viva.
Gosto de filme denso, com legenda (pode até ser sem).
Gosto de livros sobre empreendedorismo e publicidade.
Curto comida leve e barata. Em pouca quantidade. E não tenho horário pra refeição.
Gosto de política, arquitetura, biologia, moda e poesia.
Sou sensível e muito prática.
Gosto de conversar e de longos períodos em silêncio.
Amo ficar sozinha e amo socializar.
Gosto de sexo gostoso, divertido e apaixonado.
E estou amando ter voltado a escrever esse blog.
Pensando bem você nem é tudo aquilo que eu imaginava. Fiquei tão cega de amores de uma hora pra outra que acabei idealizando uma pessoa maravilhosa, perfeita, que seria a solução de todos os meus problemas. Mas não é bem assim que a banda toca. Aliás, essa banda já tocou muito na minha vida. Sei exatamente como é. Só tive uma rápida perda de memória. Mas já estou recuperando ela.
Sofri tanto com a sensação de perda que me esqueci que já tive você. Me esqueci que já sei exatamente como é. E não é como meus sonhos desenharam. Na verdade, o que mais senti falta foi do amor que eu recebi. Talvez tenha ficado desesperada por achar que ninguém nunca mais vai me amar dessa forma ou que eu perdi a única pessoa que me amou de verdade. Mas sabe de uma coisa? O mundo é tão grande, a vida é tão longa e existem tantas pessoas na Terra que não há porque se preocupar tanto. Sem contar que a Terra gira, né? Rotação e translação. O que a gente joga pro universo volta. E o que a gente pede a gente ganha, uma hora ou outra. Por isso, cautela com o que for pedir.
Então, caindo na real, eu sou mais eu, sabe? Sou foda, muito foda mesmo. Sou inteligente e sei tocar a vida das pessoas mesmo estando longe, porque minha energia é grande.
Tô tranquila, de boa.
Tô viva.
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
Time is the master
Chega um momento no sofrimento que a gente simplesmente cansa de sofrer. Cansa de acordar todo dia e querer ficar na cama, se sentindo um lixo. Cansa de chorar um pouquinho todos os dias e de reclamar pra sua amiga como você está mal. Acorda um belo dia e fica com preguiça mesmo. Pensa: "Nossa, se fosse outro dia estaria sofrendo horrores por isso, mas hoje tô com preguiça, vou tomar um banho, um chá e ver um filme". E eu, que sempre fui uma ótima ouvinte e conselheiras de amigos em sofrimento, me vi escutando meu próprio conselho, sem acreditar que ele fosse funcionar. Mas funcionou.
É clichê? É. Mas funciona. O remédio é o tempo. Ninguém vai morrer. A gente acha que vai. Até tenta morrer. Mas no final, sobrevive. O segredo é você atingir um ponto em que você já não se culpa mais pois já sofreu tanto que considera que a "dívida está paga", "a lição está dada", "o ensinamento está feito". Pronto, deu por hoje.Você entende que já aprendeu o que tinha pra ser aprendido com o que aconteceu com você. Para de se culpar e segue adiante, segue a vida, sabendo que depois daquele sofrimento todo, tudo que vier é lucro. Depois de todo aquele temporal não existe outra alternativa senão a de o sol sair e bronzear sua pele de novo.
O que ajudou, no meu caso, foi procurar no meu passado uma época bem feliz da vida e tentar me lembrar de como era, já que quando a gente está bem triste acaba perdendo totalmente a identidade. Encontrei alguém tão feliz, interessante, cheia de sonhos, divertida, alegre e rodeada de gente do bem. E essa pessoa não morreu. Essa pessoa sou eu. Um eu adormecido, esperando uma alfinetada pra dar as caras novamente.
O tempo é o mestre e ele nunca simplesmente cura uma ferida. Ele arranca aquela pele que não nos serve mais e cria outra totalmente diferente, mais forte, resistente, com muita história pra contar. O tempo nos torna capazes de acreditar que podemos ser o que quisermos. O tempo nos faz dizer "O que eu quero eu vou conseguir". Ele nos mostra as artimanhas pra conseguirmos o que queremos. Nos dá poder pra mudar o que não nos agrada na nossa realidade. E nos mostra que as dificuldades que nos aparecem na vida tornam nossas superações ainda mais gostosas de serem vividas.
Outra coisa interessante em olhar pra trás e relembrar quem éramos nós quando tudo eram flores é perceber que antes desse florescer também houve outra tempestade que nos tornou aquilo. E que de tempestade em tempestade as linhas da nossa vida vão se desenhando e nos tornando uma rocha cada vez mais dura. Um dia viramos diamantes.
Se as dificuldades não aumentam, entramos numa zona de conforto e comodismo. E disso, garanto, também não gostamos. Uma vida sem desafios acaba nos deixando fora de forma, se é que me entende. Essa queda que levei agora me pegou bem fora de forma. E hoje, posso afirmar com todas as letras que me sinto muito, mas muito mais forte do que antes. Pronta pra outra. Mesmo.
Então só o que tenho pra fazer hoje é agradecer ao mestre, o Tempo.
Muito obrigada, senhor Tempo!
É clichê? É. Mas funciona. O remédio é o tempo. Ninguém vai morrer. A gente acha que vai. Até tenta morrer. Mas no final, sobrevive. O segredo é você atingir um ponto em que você já não se culpa mais pois já sofreu tanto que considera que a "dívida está paga", "a lição está dada", "o ensinamento está feito". Pronto, deu por hoje.Você entende que já aprendeu o que tinha pra ser aprendido com o que aconteceu com você. Para de se culpar e segue adiante, segue a vida, sabendo que depois daquele sofrimento todo, tudo que vier é lucro. Depois de todo aquele temporal não existe outra alternativa senão a de o sol sair e bronzear sua pele de novo.
O que ajudou, no meu caso, foi procurar no meu passado uma época bem feliz da vida e tentar me lembrar de como era, já que quando a gente está bem triste acaba perdendo totalmente a identidade. Encontrei alguém tão feliz, interessante, cheia de sonhos, divertida, alegre e rodeada de gente do bem. E essa pessoa não morreu. Essa pessoa sou eu. Um eu adormecido, esperando uma alfinetada pra dar as caras novamente.
O tempo é o mestre e ele nunca simplesmente cura uma ferida. Ele arranca aquela pele que não nos serve mais e cria outra totalmente diferente, mais forte, resistente, com muita história pra contar. O tempo nos torna capazes de acreditar que podemos ser o que quisermos. O tempo nos faz dizer "O que eu quero eu vou conseguir". Ele nos mostra as artimanhas pra conseguirmos o que queremos. Nos dá poder pra mudar o que não nos agrada na nossa realidade. E nos mostra que as dificuldades que nos aparecem na vida tornam nossas superações ainda mais gostosas de serem vividas.
Outra coisa interessante em olhar pra trás e relembrar quem éramos nós quando tudo eram flores é perceber que antes desse florescer também houve outra tempestade que nos tornou aquilo. E que de tempestade em tempestade as linhas da nossa vida vão se desenhando e nos tornando uma rocha cada vez mais dura. Um dia viramos diamantes.
Se as dificuldades não aumentam, entramos numa zona de conforto e comodismo. E disso, garanto, também não gostamos. Uma vida sem desafios acaba nos deixando fora de forma, se é que me entende. Essa queda que levei agora me pegou bem fora de forma. E hoje, posso afirmar com todas as letras que me sinto muito, mas muito mais forte do que antes. Pronta pra outra. Mesmo.
Então só o que tenho pra fazer hoje é agradecer ao mestre, o Tempo.
Muito obrigada, senhor Tempo!
terça-feira, 20 de novembro de 2018
Um último recomeço
Oi, tudo bem?
Como vão as coisas?
(Abraço carinhoso)
Te chamei hoje aqui pra te contar as boas novas.
A gente nunca conversou sobre nós dois direito, depois que se separou, né? É chegada a hora dessa conversa.
É tanto assunto que eu nem sei por onde começar. Queria contar tudo que me aconteceu durante esse quase um ano afastados um do outro. Mas essa não é a parte mais importante dessa história. Talvez a mais importante seja como você passou todo esse tempo.
Danillo, a história de nós dois tá sendo escrita desde a primeira vez que nos vimos.
Nesses muitos anos em que estivemos juntos sinto que cada ida e vinda serviu para nos ensinar algo, para nos aproximar de uma forma diferente lá na frente. Você namorou outras pessoas nesse meio tempo, passou dois anos perdido para depois retomar a si mesmo, eu divaguei por muitos lugares também, mas no final, sempre, a gente voltava a ficar junto, com mais força do que antes.
Dessa vez nos separamos de uma forma bem mais intensa. Eu realmente achei que nossa história tivesse acabado. Tentei de todas as formas esquecer você. Ocupei minha mente com tudo que vi pela frente. Fiquei o semestre inteiro os três turnos na faculdade, numa tentativa de ocupar minha cabeça com qualquer outra coisa, para o que o tempo passasse o mais depressa possível e eu conseguisse esquecer o passado. Bloqueei sua lembrança e fui viver a vida.
Nesse meio tempo, nas vezes que a gente se encontrou senti uma paz enorme no peito, mas tinha medo de voltar atrás e me entregar a você novamente. Estava determinada a ser uma nova pessoa, alguém melhor, sem mexer no passado. Então evitei qualquer contato com você, mesmo físico, o tocar de uma mão, um abraço mais forte, qualquer coisa, pois a nossa ligação é tão intensa que só isso já mexeria com tudo dentro de mim.
Mas como eu não sou de ferro, sempre ia te procurar, sempre fazia compras no Kock só pra te ver, sempre inventava um pretexto pra te encontrar e saber como você tava.
Pra encurtar a conversa, no final das contas eu me vi mais perdida do que antes. E muita coisa mudou no dia que você veio aqui em casa e fizemos amor de novo.
Foi tão bom, tão intenso, tão natural, tão gostoso que tive certeza de que todo esse tempo nossa chama se manteve acesa, porém guardada, em segredo. Gozei duas vezes e teria gozado mais se a gente tivesse continuado. Mas meu medo seguiu falando mais alto e neguei pra mim mesma ter gostado tanto daquele momento. No final você ainda me propôs a continuarmos juntos, sem compromisso, e eu, com medo, muito medo de me entregar a esse amor forte de novo, neguei.
Mesmo achando que tinha superado você, continuei te procurando. Queria estar perto de ti o tempo inteiro. Estava em briga comigo mesma aqui dentro.
Toda vez que a gente se encontrava, que ia pra algum lugar, que começava a conversar e o papo ou o clima se tornava mais intenso eu mudava de assunto ou queria ir embora, numa tentativa frustrada de não deixar esse sentimento vir a tona de novo.
Até que você se envolveu com outra pessoa e uma confusão se fez dentro de mim. Fiquei feliz, triste, confusa, revoltada, angustiada, impotente, com ciúmes... apaixonada.
Veio como uma bomba na minha cabeça. Você já tinha me relatado que ficou com outras pessoas mas eu nunca levei tão a sério. Dessa vez eu senti tudo de novo, Danillo. Tudo.
Fui falar contigo na praia sem saber nem o que dizer de tão confusa que fiquei. Você veio aqui em casa, conversamos um pouco e passamos dias juntos. E eu continuei confusa com o que estava sentindo. E tanto eu como você evitamos algumas conversas porque nós dois estávamos confusos com o que estava acontecendo.
Nessas últimas semanas afastados um do outro eu sofri como nunca havia sofrido antes. E olha que eu já sofri bastante por você nesses mais de dez anos juntos. E todo esse sofrimento foi muito necessário, apesar de dolorido. Pude ver tudo com clareza.
E o que vi foi que você é o amor da minha vida. Nunca te esqueci. E nunca vou esquecer. Você é minha alma gêmea, Danillo. A pessoa com a qual eu quero passar o resto da minha vida. Minha renúncia pra não ter filhos era porque não acreditava que existisse um amor tão grande entre duas pessoas a ponto de durar uma vida inteira e nem que eu pudesse ter uma ligação com alguém a ponto de imaginar essa pessoa como pai do meu filho. Mas agora tudo está claro pra mim. Agora eu vejo que é com você, sempre foi com você. Um companheiro, um pai, uma família, uma fortaleza.
Você me pediu em casamento. Foi um dos dias mais especiais da minha vida. Até hoje não tenho palavras pra descrever. Fiquei completamente sem reação e tive uma alegria no peito imensa. Mas na época ainda não estava na minha hora. Não estava pronta. E por um lado até sentia inveja de toda a certeza que você tinha. Mas eu não. E essa certeza eu encontrei agora.
Agradeço que isso tenha acontecido, que tenha entrado outra pessoa em nossas vidas e bagunçado tudo, pra que eu pudesse finalmente enxergar tudo com tanta clareza como estou vendo agora.
Você é o amor da minha vida. O amor da minha vida. Estamos destinados um ao outro.
Agora é hora de lutar. Eu sofri muito com essa distância entre nós dois de quase um mês mas tenho certeza de que ela não foi nem um décimo do que você sofreu durante um ano que a gente passou separado. Por isso eu estou disposta a tudo, Danillo. Tudo pra que você me perdoe por ter amadurecido mais tarde e só agora ter tido essa certeza de que nós dois somos um só.
Eu vou reconquistar você nem que seja a última coisa que eu faça na vida. Porque eu tenho uma certeza dentro e fora de mim de que nós dois nascemos pra ficar juntos.Nós somos mais fortes juntos.
Vou tentar de tudo e esperar o tempo que for preciso. Mas no final, nós vamos ficar juntos de novo e dessa vez, pra sempre.
Te amo.
P.S.: Nós vamos nos casar, Danillo. Na praia, de branco, véu e grinalda. Descalça. E você vai surgir mais lindo do que nunca. E vamos ser muito, mas muito felizes, com nossos filhos e muita paz e serenidade.
Como vão as coisas?
(Abraço carinhoso)
Te chamei hoje aqui pra te contar as boas novas.
A gente nunca conversou sobre nós dois direito, depois que se separou, né? É chegada a hora dessa conversa.
É tanto assunto que eu nem sei por onde começar. Queria contar tudo que me aconteceu durante esse quase um ano afastados um do outro. Mas essa não é a parte mais importante dessa história. Talvez a mais importante seja como você passou todo esse tempo.
Danillo, a história de nós dois tá sendo escrita desde a primeira vez que nos vimos.
Nesses muitos anos em que estivemos juntos sinto que cada ida e vinda serviu para nos ensinar algo, para nos aproximar de uma forma diferente lá na frente. Você namorou outras pessoas nesse meio tempo, passou dois anos perdido para depois retomar a si mesmo, eu divaguei por muitos lugares também, mas no final, sempre, a gente voltava a ficar junto, com mais força do que antes.
Dessa vez nos separamos de uma forma bem mais intensa. Eu realmente achei que nossa história tivesse acabado. Tentei de todas as formas esquecer você. Ocupei minha mente com tudo que vi pela frente. Fiquei o semestre inteiro os três turnos na faculdade, numa tentativa de ocupar minha cabeça com qualquer outra coisa, para o que o tempo passasse o mais depressa possível e eu conseguisse esquecer o passado. Bloqueei sua lembrança e fui viver a vida.
Nesse meio tempo, nas vezes que a gente se encontrou senti uma paz enorme no peito, mas tinha medo de voltar atrás e me entregar a você novamente. Estava determinada a ser uma nova pessoa, alguém melhor, sem mexer no passado. Então evitei qualquer contato com você, mesmo físico, o tocar de uma mão, um abraço mais forte, qualquer coisa, pois a nossa ligação é tão intensa que só isso já mexeria com tudo dentro de mim.
Mas como eu não sou de ferro, sempre ia te procurar, sempre fazia compras no Kock só pra te ver, sempre inventava um pretexto pra te encontrar e saber como você tava.
Pra encurtar a conversa, no final das contas eu me vi mais perdida do que antes. E muita coisa mudou no dia que você veio aqui em casa e fizemos amor de novo.
Foi tão bom, tão intenso, tão natural, tão gostoso que tive certeza de que todo esse tempo nossa chama se manteve acesa, porém guardada, em segredo. Gozei duas vezes e teria gozado mais se a gente tivesse continuado. Mas meu medo seguiu falando mais alto e neguei pra mim mesma ter gostado tanto daquele momento. No final você ainda me propôs a continuarmos juntos, sem compromisso, e eu, com medo, muito medo de me entregar a esse amor forte de novo, neguei.
Mesmo achando que tinha superado você, continuei te procurando. Queria estar perto de ti o tempo inteiro. Estava em briga comigo mesma aqui dentro.
Toda vez que a gente se encontrava, que ia pra algum lugar, que começava a conversar e o papo ou o clima se tornava mais intenso eu mudava de assunto ou queria ir embora, numa tentativa frustrada de não deixar esse sentimento vir a tona de novo.
Até que você se envolveu com outra pessoa e uma confusão se fez dentro de mim. Fiquei feliz, triste, confusa, revoltada, angustiada, impotente, com ciúmes... apaixonada.
Veio como uma bomba na minha cabeça. Você já tinha me relatado que ficou com outras pessoas mas eu nunca levei tão a sério. Dessa vez eu senti tudo de novo, Danillo. Tudo.
Fui falar contigo na praia sem saber nem o que dizer de tão confusa que fiquei. Você veio aqui em casa, conversamos um pouco e passamos dias juntos. E eu continuei confusa com o que estava sentindo. E tanto eu como você evitamos algumas conversas porque nós dois estávamos confusos com o que estava acontecendo.
Nessas últimas semanas afastados um do outro eu sofri como nunca havia sofrido antes. E olha que eu já sofri bastante por você nesses mais de dez anos juntos. E todo esse sofrimento foi muito necessário, apesar de dolorido. Pude ver tudo com clareza.
E o que vi foi que você é o amor da minha vida. Nunca te esqueci. E nunca vou esquecer. Você é minha alma gêmea, Danillo. A pessoa com a qual eu quero passar o resto da minha vida. Minha renúncia pra não ter filhos era porque não acreditava que existisse um amor tão grande entre duas pessoas a ponto de durar uma vida inteira e nem que eu pudesse ter uma ligação com alguém a ponto de imaginar essa pessoa como pai do meu filho. Mas agora tudo está claro pra mim. Agora eu vejo que é com você, sempre foi com você. Um companheiro, um pai, uma família, uma fortaleza.
Você me pediu em casamento. Foi um dos dias mais especiais da minha vida. Até hoje não tenho palavras pra descrever. Fiquei completamente sem reação e tive uma alegria no peito imensa. Mas na época ainda não estava na minha hora. Não estava pronta. E por um lado até sentia inveja de toda a certeza que você tinha. Mas eu não. E essa certeza eu encontrei agora.
Agradeço que isso tenha acontecido, que tenha entrado outra pessoa em nossas vidas e bagunçado tudo, pra que eu pudesse finalmente enxergar tudo com tanta clareza como estou vendo agora.
Você é o amor da minha vida. O amor da minha vida. Estamos destinados um ao outro.
Agora é hora de lutar. Eu sofri muito com essa distância entre nós dois de quase um mês mas tenho certeza de que ela não foi nem um décimo do que você sofreu durante um ano que a gente passou separado. Por isso eu estou disposta a tudo, Danillo. Tudo pra que você me perdoe por ter amadurecido mais tarde e só agora ter tido essa certeza de que nós dois somos um só.
Eu vou reconquistar você nem que seja a última coisa que eu faça na vida. Porque eu tenho uma certeza dentro e fora de mim de que nós dois nascemos pra ficar juntos.Nós somos mais fortes juntos.
Vou tentar de tudo e esperar o tempo que for preciso. Mas no final, nós vamos ficar juntos de novo e dessa vez, pra sempre.
Te amo.
P.S.: Nós vamos nos casar, Danillo. Na praia, de branco, véu e grinalda. Descalça. E você vai surgir mais lindo do que nunca. E vamos ser muito, mas muito felizes, com nossos filhos e muita paz e serenidade.
domingo, 18 de novembro de 2018
Fogo e faísca
Chega uma hora que as coisas ficam claras mas a gente tem um pouco de dificuldade pra aceitar. Precisei me separar de você, viver um romance intenso com outra pessoa, pensar em casar com essa pessoa, descobrir que não era o que eu queria e que na verdade eu não consigo te tirar da cabeça e do coração. Mas isso não foi o suficiente pra eu entender que você é a pessoa que eu quero pra sempre na minha vida. A gente ficou amigo de novo, de se ver todo dia, e cada dia que eu passava contigo vinha com um turbilhão de sentimentos do passado, misturados com os novos, já que somos novas pessoas agora. Fiquei muito grata por você ter me levado até Cabeçudas, por me ensinar a mudar a marcha da bike, por me mostrar que sou capaz. Fiquei bem feliz em te ver bem no seu novo apartamento, com amigos, com a vida leve e o sorriso no rosto. Em ver que você está se resolvendo sozinho, está confiante, com um brilho no olhar. Era tudo o que eu queria ver. Fiquei bem feliz também quando você me levou no Beco. Realmente, um lugar que é a minha cara. Queria ter ido com você pular da pedra e cair no mar. Mexeu muito comigo quando você disse que pensou em mim o tempo todo enquanto estava lá.
Agora você deve estar se perguntando: por que ela não me falou tudo isso antes? Por que ela me negou aquele beijo na sala da casa dela? Por que ela não demonstrou tudo isso quando eu estava na frente dela? Por que só agora?
Vou te explicar. Danillo, acabei de sair de uma depressão. Depois que voltei de Teresina, no início do ano, me deparei em um relacionamento completamente abusivo. Tudo que tinha de excitante antes tinha virado pesadelo. Estava decidida a casar com o cara mas ele se mostrou alguém possessivo, ciumento, controlador e que precisava me colocar sempre pra baixo para que eu não tivesse vontade de ter a companhia de mais ninguém, só a dele. Ele me enchia de surpresas, favores e presentes que faziam com que eu me sentisse culpada por contrariá-lo de alguma forma. E terminava comigo toda semana, com chantagens emocionais e voltava em menos de vinte e quatro horas dizendo que não sabia viver sem mim. Eu me sentia péssima por fazer alguém que me tratava tão bem sofrer e não conseguia deixar ele só. Isso foi me matando aos poucos. Ele tinha um ciúme doente de ti e de qualquer amigo ou amiga que eu pudesse ter. Comecei a me isolar só pra não ter que lidar com o sofrimento e as crises de ciúmes dele, sempre justificadas com a minha simpatia excessiva, com o meu egoísmo, com a minha vontade de fazer ele sofrer, com a minha falta de esforço em fazer aquele relacionamento dar certo.
Sempre que eu me deparava com uma dificuldade dessas, me lembrava de você, de como era tranquilo e sereno estar com você, como tudo funcionava e nossa química era tão perfeita. E eu ia te procurar no Kock só pra ver o teu sorriso, te dar um abraço e ter minhas energias recarregadas de novo, já que você exalava paz no ar. Mas a gente já decidido terminar, então eu não permitia que o sentimento se desenvolvesse mais do que essa amizade tão forte.
O tempo foi passando e eu me afundando cada vez mais nesse relacionamento tóxico que eu achava que me fazia bem, que me consumia por inteiro, já que eu recebia mensagens o dia inteiro. Não conseguia trabalhar, não conseguia estudar, não me era permitido ficar em casa muito menos ver algum amigo porque meu parceiro só era feliz se eu estivesse me doando 110% pra ele e enquanto não estivéssemos juntos tinha que estar respondendo suas milhões de mensagens. Entrei em parafuso.
Você me conhece bem e deve estar achando tudo isso muito estranho, já que eu sempre defendi minha liberdade e aconselhei minhas amigas a fazerem o mesmo. Mas aconteceu comigo. Mordi a língua. Até que a gota d'água caiu quando ele duvidou que eu tivesse ido trabalhar num domingo. E eu já estava cansada de dar tantas provas de tudo que fazia, daquele regime semiaberto, de ter que me explicar o tempo todo como se eu fosse uma mentirosa convicta - coisa que eu nunca fui, sempre fui verdadeira com tudo.
Coloquei um ponto final. Já não gostava dele há meses, desde o primeiro término, no carnaval, quando ele fechou a cara numa noite inteira no luau da brava, só porque eu estava feliz e interagindo com outras pessoas. Ele terminou comigo à noite e veio fazer as pazes de manhã. E seguiu fazendo isso durante meses, praticamente todo final de semana. Mas não conseguia por um fim naquilo por achar que tinha problemas com relacionamento, que ia morrer só, enfim, venenos que acabam entrando mesmo na cabeça mais forte e bem resolvida.
Pensei em te chamar milhões de vezes, trilhões de vezes. Mas não queria que gerasse um mal entendido entre a gente ou que atrapalhasse nossa amizade. Então evitava e ficava na minha.
Quando você veio aqui em casa em julho, já fazia um mês que eu estava solteira. E eu tava com tanta, mas tanta saudade de ti que não consegui me segurar. Foi como você mesmo disse, nós dois somos fogo e faísca, não conseguimos ficar longe um do outro.
To be continue...
Agora você deve estar se perguntando: por que ela não me falou tudo isso antes? Por que ela me negou aquele beijo na sala da casa dela? Por que ela não demonstrou tudo isso quando eu estava na frente dela? Por que só agora?
Vou te explicar. Danillo, acabei de sair de uma depressão. Depois que voltei de Teresina, no início do ano, me deparei em um relacionamento completamente abusivo. Tudo que tinha de excitante antes tinha virado pesadelo. Estava decidida a casar com o cara mas ele se mostrou alguém possessivo, ciumento, controlador e que precisava me colocar sempre pra baixo para que eu não tivesse vontade de ter a companhia de mais ninguém, só a dele. Ele me enchia de surpresas, favores e presentes que faziam com que eu me sentisse culpada por contrariá-lo de alguma forma. E terminava comigo toda semana, com chantagens emocionais e voltava em menos de vinte e quatro horas dizendo que não sabia viver sem mim. Eu me sentia péssima por fazer alguém que me tratava tão bem sofrer e não conseguia deixar ele só. Isso foi me matando aos poucos. Ele tinha um ciúme doente de ti e de qualquer amigo ou amiga que eu pudesse ter. Comecei a me isolar só pra não ter que lidar com o sofrimento e as crises de ciúmes dele, sempre justificadas com a minha simpatia excessiva, com o meu egoísmo, com a minha vontade de fazer ele sofrer, com a minha falta de esforço em fazer aquele relacionamento dar certo.
Sempre que eu me deparava com uma dificuldade dessas, me lembrava de você, de como era tranquilo e sereno estar com você, como tudo funcionava e nossa química era tão perfeita. E eu ia te procurar no Kock só pra ver o teu sorriso, te dar um abraço e ter minhas energias recarregadas de novo, já que você exalava paz no ar. Mas a gente já decidido terminar, então eu não permitia que o sentimento se desenvolvesse mais do que essa amizade tão forte.
O tempo foi passando e eu me afundando cada vez mais nesse relacionamento tóxico que eu achava que me fazia bem, que me consumia por inteiro, já que eu recebia mensagens o dia inteiro. Não conseguia trabalhar, não conseguia estudar, não me era permitido ficar em casa muito menos ver algum amigo porque meu parceiro só era feliz se eu estivesse me doando 110% pra ele e enquanto não estivéssemos juntos tinha que estar respondendo suas milhões de mensagens. Entrei em parafuso.
Você me conhece bem e deve estar achando tudo isso muito estranho, já que eu sempre defendi minha liberdade e aconselhei minhas amigas a fazerem o mesmo. Mas aconteceu comigo. Mordi a língua. Até que a gota d'água caiu quando ele duvidou que eu tivesse ido trabalhar num domingo. E eu já estava cansada de dar tantas provas de tudo que fazia, daquele regime semiaberto, de ter que me explicar o tempo todo como se eu fosse uma mentirosa convicta - coisa que eu nunca fui, sempre fui verdadeira com tudo.
Coloquei um ponto final. Já não gostava dele há meses, desde o primeiro término, no carnaval, quando ele fechou a cara numa noite inteira no luau da brava, só porque eu estava feliz e interagindo com outras pessoas. Ele terminou comigo à noite e veio fazer as pazes de manhã. E seguiu fazendo isso durante meses, praticamente todo final de semana. Mas não conseguia por um fim naquilo por achar que tinha problemas com relacionamento, que ia morrer só, enfim, venenos que acabam entrando mesmo na cabeça mais forte e bem resolvida.
Pensei em te chamar milhões de vezes, trilhões de vezes. Mas não queria que gerasse um mal entendido entre a gente ou que atrapalhasse nossa amizade. Então evitava e ficava na minha.
Quando você veio aqui em casa em julho, já fazia um mês que eu estava solteira. E eu tava com tanta, mas tanta saudade de ti que não consegui me segurar. Foi como você mesmo disse, nós dois somos fogo e faísca, não conseguimos ficar longe um do outro.
To be continue...
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