quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Fica tudo bem

A cada dia que passo percebo que existe uma fortaleza se formando. Olho pra trás, para um passado um tanto quanto recente e vejo que muita coisa mudou.
Há um ano atrás eu nem me olhava mais no espelho. Estava tão focada no mundo exterior, fora de mim mesma que acabei perdendo a personalidade, a vaidade, meu próprio gosto. A vida passava pela minha janela e eu só queria acreditar que estava trilhando o caminho certo e que no final todo o esforço seria recompensado.
Bem, muito proveito tirei disso tudo mas posso afirmar que as coisas saíram completamente diferentes do que havia planejado. E essa imprevisibilidade me levou a colapso. Colapso que só agora consegui reunir forças para me curar. Ainda levo umas facadas no decorrer dos dias, cada vez que vejo a pessoa que acho que amo (tenho minhas dúvidas se é amor ou posse, como andei lendo por aí) com outro alguém. Mas sigo mais forte, a cada dia que passa. Conformada com a realidade que me cerca e já tendo consciência de como me comportar, que atitudes tomar para me reerguer. Mas antes, claro, preciso redescobrir quem sou para saber o que quero.
Vai passar. Tudo isso vai passar. E quando eu estiver forte, mas bem forte mesmo, você vai sentir minha falta. E vai me procurar.

Eu comigo mesma

Esse texto vai ser confuso. Só um turbilhão de pensamentos mesmo.

Aqui é um dia de cada vez.
As coisas precisam de um tempo para se ajustarem.
E a paciência nesse caso é a maior das virtudes.
Minha vontade era de me mudar. Ir pra bem longe, outra cidade. Da mesma forma que me mudei pra cá, posso me mudar pra qualquer outro lugar. A própria excitação de conhecer um lugar novo, por si só, já iria me distrair e fazer esquecer o que estou passando. Mas tenho um curso pra terminar. Mais seis meses, no mínimo, para ficar aqui, obrigatoriamente. Tendo que encarar a realidade que me cerca e esperando por dias melhores.
Quem faz o dia somos nós mesmos. Então bola pra frente que atrás vem gente.
Já passei tanto tempo sozinha e me curtindo mas não consigo me lembrar como era. Só lembro que adorava. Claro, em alguns dias eu ficava carente, sou humana. Mas na maior parte do tempo, adorava. Fazia o que queria, saia pra comer sozinha, conhecia lugares novos, assistia os filmes que gostava, conhecia músicas novas, me descobria. Eu era mais bonita.

E que assim seja.

Pensando bem...

Pensando bem esse tempo sozinha era muito necessário mesmo. Estou reaprendendo a gostar de mim mesma, a saber quais são meus verdadeiros gostos, sem me preocupar em agradar também quem está ao meu lado.
Gosto de filme denso, com legenda (pode até ser sem).
Gosto de livros sobre empreendedorismo e publicidade.
Curto comida leve e barata. Em pouca quantidade. E não tenho horário pra refeição.
Gosto de política, arquitetura, biologia, moda e poesia.
Sou sensível e muito prática.
Gosto de conversar e de longos períodos em silêncio.
Amo ficar sozinha e amo socializar.
Gosto de sexo gostoso, divertido e apaixonado.
E estou amando ter voltado a escrever esse blog.

Pensando bem você nem é tudo aquilo que eu imaginava. Fiquei tão cega de amores de uma hora pra outra que acabei idealizando uma pessoa  maravilhosa, perfeita, que seria a solução de todos os meus problemas. Mas não é bem assim que a banda toca. Aliás, essa banda já tocou muito na minha vida. Sei exatamente como é. Só tive uma rápida perda de memória. Mas já estou recuperando ela.
Sofri tanto com a sensação de perda que me esqueci que já tive você. Me esqueci que já sei exatamente como é. E não é como meus sonhos desenharam. Na verdade, o que mais senti falta foi do amor que eu recebi. Talvez tenha ficado desesperada por achar que ninguém nunca mais vai me amar dessa forma ou que eu perdi a única pessoa que me amou de verdade. Mas sabe de uma coisa? O mundo é tão grande, a vida é tão longa e existem tantas pessoas na Terra que não há porque se preocupar tanto. Sem contar que a Terra gira, né? Rotação e translação. O que a gente joga pro universo volta. E o que a gente pede a gente ganha, uma hora ou outra. Por isso, cautela com o que for pedir.

Então, caindo na real, eu sou mais eu, sabe? Sou foda, muito foda mesmo. Sou inteligente e sei tocar a vida das pessoas mesmo estando longe, porque minha energia é grande.

Tô tranquila, de boa.

Tô viva.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Time is the master

Chega um momento no sofrimento que a gente simplesmente cansa de sofrer. Cansa de acordar todo dia e querer ficar na cama, se sentindo um lixo. Cansa de chorar um pouquinho todos os dias e de reclamar pra sua amiga como você está mal. Acorda um belo dia e fica com preguiça mesmo. Pensa: "Nossa, se fosse outro dia estaria sofrendo horrores por isso, mas hoje tô com preguiça, vou tomar um banho, um chá e ver um filme". E eu, que sempre fui uma ótima ouvinte e conselheiras de amigos em sofrimento, me vi escutando meu próprio conselho, sem acreditar que ele fosse funcionar. Mas funcionou.
É clichê? É. Mas funciona. O remédio é o tempo. Ninguém vai morrer. A gente acha que vai. Até tenta morrer. Mas no final, sobrevive. O segredo é você atingir um ponto em que você já não se culpa mais pois já sofreu tanto que considera que a "dívida está paga", "a lição está dada", "o ensinamento está feito". Pronto, deu por hoje.Você entende que já aprendeu o que tinha pra ser aprendido com o que aconteceu com você. Para de se culpar e segue adiante, segue a vida, sabendo que depois daquele sofrimento todo, tudo que vier é lucro. Depois de todo aquele temporal não existe outra alternativa senão a de o sol sair e bronzear sua pele de novo.
O que ajudou, no meu caso, foi procurar no meu passado uma época bem feliz da vida e tentar me lembrar de como era, já que quando a gente está bem triste acaba perdendo totalmente a identidade. Encontrei alguém tão feliz, interessante, cheia de sonhos, divertida, alegre e rodeada de gente do bem. E essa pessoa não morreu. Essa pessoa sou eu. Um eu adormecido, esperando uma alfinetada pra dar as caras novamente.
O tempo é o mestre e ele nunca simplesmente cura uma ferida. Ele arranca aquela pele que não nos serve mais e cria outra totalmente diferente, mais forte, resistente, com muita história pra contar. O tempo nos torna capazes de acreditar que podemos ser o que quisermos. O tempo nos faz dizer "O que eu quero eu vou conseguir". Ele nos mostra as artimanhas pra conseguirmos o que queremos. Nos dá poder pra mudar o que não nos agrada na nossa realidade. E nos mostra que as dificuldades que nos aparecem na vida tornam nossas superações ainda mais gostosas de serem vividas.
Outra coisa interessante em olhar pra trás e relembrar quem éramos nós quando tudo eram flores é perceber que antes desse florescer também houve outra tempestade que nos tornou aquilo. E que de tempestade em tempestade as linhas da nossa vida vão se desenhando e nos tornando uma rocha cada vez mais dura. Um dia viramos diamantes.
Se as dificuldades não aumentam, entramos numa zona de conforto e comodismo. E disso, garanto, também não gostamos. Uma vida sem desafios acaba nos deixando fora de forma, se é que me entende. Essa queda que levei agora me pegou bem fora de forma. E hoje, posso afirmar com todas as letras que me sinto muito, mas muito mais forte do que antes. Pronta pra outra. Mesmo.
Então só o que tenho pra fazer hoje é agradecer ao mestre, o Tempo.

Muito obrigada, senhor Tempo!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Um último recomeço

Oi, tudo bem?
Como vão as coisas?
(Abraço carinhoso)
Te chamei hoje aqui pra te contar as boas novas.
A gente nunca conversou sobre nós dois direito, depois que se separou, né? É chegada a hora dessa conversa.
É tanto assunto que eu nem sei por onde começar. Queria contar tudo que me aconteceu durante esse quase um ano afastados um do outro. Mas essa não é a parte mais importante dessa história. Talvez a mais importante seja como você passou todo esse tempo.
Danillo, a história de nós dois tá sendo escrita desde a primeira vez que nos vimos.
Nesses muitos anos em que estivemos juntos sinto que cada ida e vinda serviu para nos ensinar algo, para nos aproximar de uma forma diferente lá na frente. Você namorou outras pessoas nesse meio tempo, passou dois anos perdido para depois retomar a si mesmo, eu divaguei por muitos lugares também, mas no final, sempre, a gente voltava a ficar junto, com mais força do que antes.
Dessa vez nos separamos de uma forma bem mais intensa. Eu realmente achei que nossa história tivesse acabado. Tentei de todas as formas esquecer você. Ocupei minha mente com tudo que vi pela frente. Fiquei o semestre inteiro os três turnos na faculdade, numa tentativa de ocupar minha cabeça com qualquer outra coisa, para o que o tempo passasse o mais depressa possível e eu conseguisse esquecer o passado. Bloqueei sua lembrança e fui viver a vida.
Nesse meio tempo, nas vezes que a gente se encontrou senti uma paz enorme no peito, mas tinha medo de voltar atrás e me entregar a você novamente. Estava determinada a ser uma nova pessoa, alguém melhor, sem mexer no passado. Então evitei qualquer contato com você, mesmo físico, o tocar de uma mão, um abraço mais forte, qualquer coisa, pois a nossa ligação é tão intensa que só isso já mexeria com tudo dentro de mim.
Mas como eu não sou de ferro, sempre ia te procurar, sempre fazia compras no Kock só pra te ver, sempre inventava um pretexto pra te encontrar e saber como você tava.
Pra encurtar a conversa, no final das contas eu me vi mais perdida do que antes. E muita coisa mudou no dia que você veio aqui em casa e fizemos amor de novo.
Foi tão bom, tão intenso, tão natural, tão gostoso que tive certeza de que todo esse tempo nossa chama se manteve acesa, porém guardada, em segredo. Gozei duas vezes e teria gozado mais se a gente tivesse continuado. Mas meu medo seguiu falando mais alto e neguei pra mim mesma ter gostado tanto daquele momento. No final você ainda me propôs a continuarmos juntos, sem compromisso, e eu, com medo, muito medo de me entregar a esse amor forte de novo, neguei.
Mesmo achando que tinha superado você, continuei te procurando. Queria estar perto de ti o tempo inteiro. Estava em briga comigo mesma aqui dentro.
Toda vez que a gente se encontrava, que ia pra algum lugar, que começava a conversar e o papo ou o clima se tornava mais intenso eu mudava de assunto ou queria ir embora, numa tentativa frustrada de não deixar esse sentimento vir a tona de novo.
Até que você se envolveu com outra pessoa e uma confusão se fez dentro de mim. Fiquei feliz, triste, confusa, revoltada, angustiada, impotente, com ciúmes... apaixonada.
Veio como uma bomba na minha cabeça. Você já tinha me relatado que ficou com outras pessoas mas eu nunca levei tão a sério. Dessa vez eu senti tudo de novo, Danillo. Tudo.
Fui falar contigo na praia sem saber nem o que dizer de tão confusa que fiquei. Você veio aqui em casa, conversamos um pouco e passamos dias juntos. E eu continuei confusa com o que estava sentindo. E tanto eu como você evitamos algumas conversas porque nós dois estávamos confusos com o que estava acontecendo.
Nessas últimas semanas afastados um do outro eu sofri como nunca havia sofrido antes. E olha que eu já sofri bastante por você nesses mais de dez anos juntos. E todo esse sofrimento foi muito necessário, apesar de dolorido. Pude ver tudo com clareza.
E o que vi foi que você é o amor da minha vida. Nunca te esqueci. E nunca vou esquecer. Você é minha alma gêmea, Danillo. A pessoa com a qual eu quero passar o resto da minha vida. Minha renúncia pra não ter filhos era porque não acreditava que existisse um amor tão grande entre duas pessoas a ponto de durar uma vida inteira e nem que eu pudesse ter uma ligação com alguém a ponto de imaginar essa pessoa como pai do meu filho. Mas agora tudo está claro pra mim. Agora eu vejo que é com você, sempre foi com você. Um companheiro, um pai, uma família, uma fortaleza.
Você me pediu em casamento. Foi um dos dias mais especiais da minha vida. Até hoje não tenho palavras pra descrever. Fiquei completamente sem reação e tive uma alegria no peito imensa. Mas na época ainda não estava na minha hora. Não estava pronta. E por um lado até sentia inveja de toda a certeza que você tinha. Mas eu não. E essa certeza eu encontrei agora.
Agradeço que isso tenha acontecido, que tenha entrado outra pessoa em nossas vidas e bagunçado tudo, pra que eu pudesse finalmente enxergar tudo com tanta clareza como estou vendo agora.
Você é o amor da minha vida. O amor da minha vida. Estamos destinados um ao outro.
Agora é hora de lutar. Eu sofri muito com essa distância entre nós dois de quase um mês mas tenho certeza de que ela não foi nem um décimo do que você sofreu durante um ano que a gente passou separado. Por isso eu estou disposta a tudo, Danillo. Tudo pra que você me perdoe por ter amadurecido mais tarde e só agora ter tido essa certeza de que nós dois somos um só.
Eu vou reconquistar você nem que seja a última coisa que eu faça na vida. Porque eu tenho uma certeza dentro e fora de mim de que nós dois nascemos pra ficar juntos.Nós somos mais fortes juntos.
Vou tentar de tudo e esperar o tempo que for preciso. Mas no final, nós vamos ficar juntos de novo e dessa vez, pra sempre.

Te amo.

P.S.: Nós vamos nos casar, Danillo. Na praia, de branco, véu e grinalda. Descalça. E você vai surgir mais lindo do que nunca. E vamos ser muito, mas muito felizes, com nossos filhos e muita paz e serenidade.

domingo, 18 de novembro de 2018

Fogo e faísca

Chega uma hora que as coisas ficam claras mas a gente tem um pouco de dificuldade pra aceitar. Precisei me separar de você, viver um romance intenso com outra pessoa, pensar em casar com essa pessoa, descobrir que não era o que eu queria e que na verdade eu não consigo te tirar da cabeça e do coração. Mas isso não foi o suficiente pra eu entender que você é a pessoa que eu quero pra sempre na minha vida. A gente ficou amigo de novo, de se ver todo dia, e cada dia que eu passava contigo vinha com um turbilhão de sentimentos do passado, misturados com os novos, já que somos novas pessoas agora. Fiquei muito grata por você ter me levado até Cabeçudas, por me ensinar a mudar a marcha da bike, por me mostrar que sou capaz. Fiquei bem feliz em te ver bem no seu novo apartamento, com amigos, com a vida leve e o sorriso no rosto. Em ver que você está se resolvendo sozinho, está confiante, com um brilho no olhar. Era tudo o que eu queria ver. Fiquei bem feliz também quando você me levou no Beco. Realmente, um lugar que é a minha cara. Queria ter ido com você pular da pedra e cair no mar. Mexeu muito comigo quando você disse que pensou em mim o tempo todo enquanto estava lá.
Agora você deve estar se perguntando: por que ela não me falou tudo isso antes? Por que ela me negou aquele beijo na sala da casa dela? Por que ela não demonstrou tudo isso quando eu estava na frente dela? Por que só agora?
Vou te explicar. Danillo, acabei de sair de uma depressão. Depois que voltei de Teresina, no início do ano, me deparei em um relacionamento completamente abusivo. Tudo que tinha de excitante antes tinha virado pesadelo. Estava decidida a casar com o cara mas ele se mostrou alguém possessivo, ciumento, controlador e que precisava me colocar sempre pra baixo para que eu não tivesse vontade de ter a companhia de mais ninguém, só a dele. Ele me enchia de surpresas, favores e presentes que faziam com que eu me sentisse culpada por contrariá-lo de alguma forma. E terminava comigo toda semana, com chantagens emocionais e voltava em menos de vinte e quatro horas dizendo que não sabia viver sem mim. Eu me sentia péssima por fazer alguém que me tratava tão bem sofrer e não conseguia deixar ele só. Isso foi me matando aos poucos. Ele tinha um ciúme doente de ti e de qualquer amigo ou amiga que eu pudesse ter. Comecei a me isolar só pra não ter que lidar com o sofrimento e as crises de ciúmes dele, sempre justificadas com a minha simpatia excessiva, com o meu egoísmo, com a minha vontade de fazer ele sofrer, com a minha falta de esforço em fazer aquele relacionamento dar certo.
Sempre que eu me deparava com uma dificuldade dessas, me lembrava de você, de como era tranquilo e sereno estar com você, como tudo funcionava e nossa química era tão perfeita. E eu ia te procurar no Kock só pra ver o teu sorriso, te dar um abraço e ter minhas energias recarregadas de novo, já que você exalava paz no ar. Mas a gente já decidido terminar, então eu não permitia que o sentimento se desenvolvesse mais do que essa amizade tão forte.
O tempo foi passando e eu me afundando cada vez mais nesse relacionamento tóxico que eu achava que me fazia bem, que me consumia por inteiro, já que eu recebia mensagens o dia inteiro. Não conseguia trabalhar, não conseguia estudar, não me era permitido ficar em casa muito menos ver algum amigo porque meu parceiro só era feliz se eu estivesse me doando 110% pra ele e enquanto não estivéssemos juntos tinha que estar respondendo suas milhões de mensagens. Entrei em parafuso.
Você me conhece bem e deve estar achando tudo isso muito estranho, já que eu sempre defendi minha liberdade e aconselhei minhas amigas a fazerem o mesmo. Mas aconteceu comigo. Mordi a língua. Até que a gota d'água caiu quando ele duvidou que eu tivesse ido trabalhar num domingo. E eu já estava cansada de dar tantas provas de tudo que fazia, daquele regime semiaberto, de ter que me explicar o tempo todo como se eu fosse uma mentirosa convicta - coisa que eu nunca fui, sempre fui verdadeira com tudo.
Coloquei um ponto final. Já não gostava dele há meses, desde o primeiro término, no carnaval, quando ele fechou a cara numa noite inteira no luau da brava, só porque eu estava feliz e interagindo com outras pessoas. Ele terminou comigo à noite e veio fazer as pazes de manhã. E seguiu fazendo isso durante meses, praticamente todo final de semana. Mas não conseguia por um fim naquilo por achar que tinha problemas com relacionamento, que ia morrer só, enfim, venenos que acabam entrando mesmo na cabeça mais forte e bem resolvida.
Pensei em te chamar milhões de vezes, trilhões de vezes. Mas não queria que gerasse um mal entendido entre a gente ou que atrapalhasse nossa amizade. Então evitava e ficava na minha.
Quando você veio aqui em casa em julho, já fazia um mês que eu estava solteira. E eu tava com tanta, mas tanta saudade de ti que não consegui me segurar. Foi como você mesmo disse, nós dois somos fogo e faísca, não conseguimos ficar longe um do outro.

To be continue...

Decide logo

Você quer espaço ou posso tentar te reconquistar?

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Vontade de você

Vontade de dar um beijo de língua no teu pau agora mesmo. Minha boca saliva sem parar. Fico imaginando minha língua deslizando pelo teu pau, passando pelo saco e eu com as mãos abraçadas nessa tua bunda linda, como se estivesse segurando tua cabeça. Como se o pau fosse uma língua enorme enfiada na minha boca, brincando com a minha. Vontade de fazer isso e depois sair como se nada tivesse acontecido, mas olhando por cima do ombro pras tuas bochechas vermelhas depois dessa situação deliciosa.
Vontade de passar a mãos pelo teu peitoral e subir até os ombros. Descer pelos braços e depois te abraçar inteiro, pra sentir todo o calor nato do teu corpo aquecendo o meu, me dando energia e vida.
Vontade de te dar um beijo de língua bem molhado e gostoso, passando a mão pelo teu cabelo, pela tua barba e sentindo teus braços grossos, quentes e peludos envolta da minha cintura, das minhas costas, chegando perto da minha bunda, mas sem tocar ainda, porque eu sei que você gosta mesmo é de levar a provocação até as últimas consequências antes de entregar todo o jogo. Eu também. Deve ser por isso que a gente tem tanta sintonia, que a gente é fogo e faísca e não consegue ficar longe um do outro por muito tempo.
Vontade de beijar teu corpo inteiro, teu peitoral inteiro, teu abdome inteiro e ir descendo e sentindo o gosto viciante de cada célula do teu corpo.

Vontade boa...

Cartas para o John

Boa noite,

Mais uma vez cá estou, segurando minha vontade de entrar em contato com você através destas cartas que provavelmente você nunca lerá. A saudade está grande. Agora nem é mais tanto pra gente voltar, talvez só pra tomar uma cerveja contigo, bater um papo, ouvir uma música, já que nossos gostos musicais são tão parecidos. Sinto falta da sua companhia, muita falta. Mas isso é porque estou desempregada, pensando em você o tempo todo. Me tornei o que eu mais desprezei: ociosa que fica cheia de abobrinhas na cabeça, que não aguenta esperar o tempo passar para tomar uma atitude impulsiva. Que droga!
Mas voltando ao estado de serenidade: fingindo que estou de fato falando com você. Vamos dar uma volta, tomar uma cerveja, fumar um, rir da cara um do outro e nos abraçar um pouco. Apesar do calor, essa noite está tão fria... Queria seu corpo sempre quente só pra abraçar um pouco.
Certa vez ouvi um "tenho pena de você" de um ex namorado. Havia convidado ele para um bar, duas semanas depois de termos terminado porque não aguentava mais seus ciúmes e grudes. Mas não resisti em chamá-lo para tomar uma cerveja e conversar. Ele falou que tinha pena de mim. Pena. Que sentimento desprezível. Fiquei com o orgulho ferido. Chorei. E prometi pra mim mesma que nunca mais chamaria alguém pra tomar uma cerveja quando estivesse me sentindo sozinha dessa forma. Já quebrei essa promessa umas três vezes depois disso. E é horrível quando você quebra suas próprias promessas. Você passa a não confiar mais na sua própria palavra, no seu próprio autocontrole.
Desta vez vai ser diferente. Vamos lá, fazer mais uma promessa pra mim mesma. Não vou ficar no seu pé, insistindo pra ter sua companhia. Afinal de contas, você me respeitou muito depois que terminamos. Tanto que você, que é uma das pessoas mais pacientes e orgulhosas que conheço, demorou dois meses para me chamar pra tomar uma cerveja. Eu recusei na primeira mas você chamou uma segunda vez uma semana depois. Quero uma dose desse autocontrole. É disso que eu tô precisando. E de um emprego. Preciso de um emprego pra ocupar minha mente e parar de pensar em tanta bobagem, parar de passar o dia no celular mendigando por algum resquício de atenção sua. Torcendo para você não estar se envolvendo tanto com outra pessoa e esquecendo de mim, torcendo pra você se lembrar de mim quando escutar as músicas que te apresentei.
Chega de ser tão patética! Estou virando uma pessoa patética, é isso. Daquelas que ficam em casa resmungando e chorando por um amor antigo, que nem lembra que eu existo. Você está em êxtase com o novo relacionamento e eu tenho mais é que ocupar minha cabeça e deixar o tempo passar.
Quem me dera o tempo fosse um mertiolate, dos antigos, que a gente passa, ele arde, mas cura tudo rapidinho. Mas o tempo é como uma medicina alternativa. Ele está na fruta que você come todo dia pra adquirir aquela vitamina e não ficar gripado com a chuva.
Tempo, meu bem, seja generoso comigo, me faça esse favor. Passe depressa e me traga meu amor de volta, porque não aguento mais esperar!
Vou acender uma vela e rezar pra que você se lembre de mim e de todo o amor que eu tenho por você.

Fica bem.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

O cíclico processo da perda

Boa noite,

Mais um dia se passa e não nos falamos. Talvez seja melhor assim. Minha vontade neste momento era de ir até a sua casa e falar tudo que está dentro de mim, me declarar, agarrar seu pescoço e nunca mais soltar. E no outro extremo, tenho vontade de bloquear você de todas as redes sociais da minha vida. De deixar você ir. É o tão conhecido e difícil de lidar processo da perda: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Acho que já passei por todas as fases umas duas vezes só no dia de hoje.

Ainda tento negar pra mim mesma que você se vai pra sempre. Tem uma voz dentro de mim, mas uma voz bem alta, que me diz que tudo isso é passageiro, que você ainda vai me procurar, que você vai cair em si e perceber que eu sou a mulher da sua vida e que nós vamos finalmente nos encontrar no tempo e espaço e construir nossa vida juntos. Porque é isso que eu mais quero. Casar de branco, na praia, com os pés na areia e ter um filho lindo com você. Olha o delírio. Logo eu, que sempre tive pavor de casamento e de filhos. Mas com você, eu quero tudo. E mais.

Pela raiva já passei também. É um sentimento horrível porque você culpa o universo pelo que está acontecendo. E se tem algo que eu desprezo é o vitimismo. Então toda vez que um sentimento de raiva tenta aflorar, sufoco de todas as formas, até sumir. Até porque o universo manda em dobro tudo que desejamos, então prefiro emanar coisas boas. Prefiro trocar a raiva por amor, carinho. Prefiro acreditar que o universo é inteligente o suficiente pra me mandar esse recado e que tudo acontece na nossa vida para nos ensinar uma lição. E essa lição, definitivamente, eu precisava aprender, que é a de dar valor às pessoas que nos amam. Fui muito desleixada nesse sentido nos últimos meses. Talvez por um rancor passado eu tenha sentido a necessidade de descontar no mundo. Mas a vingança sempre foi um prato que me causou indigestão. Sempre. Então prefiro não sentir raiva e encarar a situação como uma lição necessária na minha vida, para que o meu espírito evolua.

Negociação talvez seja o sentimento da vez. O sentimento que está norteando minha escrita aqui, agora. Estou negociando comigo mesma, com os astros e com a possibilidade de um dia você ler esse texto que no final tudo vai ficar bem. O bem, no momento, pra mim, é você ficar comigo e sermos felizes. Mas quem decide os acontecimentos do mundo não sou eu, é o universo. Cabe a mim apenas saber que energia eu vou jogar no ar, pra saber o que vai voltar. Quando nós vamos nos ver de novo também não sei. Mas hoje já entendo que não vai ser agora. Vai demorar. Espero que pouco mas o suficiente para que eu aprenda todas as lições que preciso levar esse ensinamento adiante.

Depressão já tive. Muita. Já estava em depressão antes de voltarmos a nos falar. Mas o tratamento xamânico que fiz nesse final de semana me deixou bem melhor. E foi uma depressão forte. E um tratamento tão forte quanto. Depressão é uma areia movediça, que cria uma sombra negra em cima das nossas cabeças e nos deixa escuro, feio. Faz as pessoas se afastarem. Naquele final de semana que você passou comigo foi possível ver esse meu lado escuro, depressivo. Não consegui aproveitar como deveria. Sinto vontade de voltar no tempo, com a cabeça boa que tenho agora, e tornar aqueles dias que você passou internado na minha cama inesquecíveis. Mas como não posso, projeto pro futuro. Tempos melhores virão.

O que está sendo difícil é lidar com a aceitação. Ainda não consegui aceitar que você vai sair de fato da minha vida, que o nosso ciclo vai se fechar. O medo que sinto é de ser apagada da sua mente. E todo esse medo vem de ninguém mais ninguém menos de mim mesma. Porque quando eu encontrei outra pessoa foi como se você nunca tivesse existido, como se eu tivesse acabado de nascer e minha realidade fosse somente aquela. Meu medo é que aconteça com você o que aconteceu comigo. E não quero ser esquecida. Porque eu não te esqueci. Hoje a lembrança que eu tenho de você está mais viva e presente do que nunca. E quero perpetuar por mais toda a minha vida. O amor que eu estou sentindo hoje é maduro, consciente e certo. Não tenho dúvidas. Não estou divagando. Não estou com medo de ficar só. Eu quero você e só você na minha vida. É uma certeza. Nós fomos feitos um para o outro. E cá estou eu, voltando à estaca zero, na negação de que você se vai de vez da minha vida novamente.

Pra finalizar esse processo e poder dormir um pouco mais descarregada, vou emanar bons fluidos, desejar só o melhor e, claro, que você se sinta abraçado por mim.

Um beijo nesse lábio carnudo e um cheiro nesse cangote quente.

Dorme com os anjos (e comigo).

Boa noite.


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O adeus trás a esperança escondida

Boa tarde,

Venho, por meio deste, fazer uma declaração muito difícil porém necessária. Não quero mais te ver. Pronto, falei. Vivemos uma linda e inesquecível história de amor, que vai ficar marcada na minha vida como uma tatuagem bem grande, como um marco. Mas é hora de te deixar ir. Nós terminamos há pouco mais de um ano por muitas brigas bobas e opiniões diversas. Acho que foi a melhor coisa que fizemos na época pois só assim foi possível nos preservar. Nesse meio tempo eu, sem planejar ou buscar, acabei encontrando outro amor. Fui feliz, muito feliz. Senti novamente aquela euforia, me senti jovem, disposta, agitada, como se estivesse conhecendo uma nova cidade, um novo país, um novo mundo. E por medo de que essa sensação fosse de alguma forma ameaçada,  me afastei de você. Mantive, claro, uma amizade longe, sempre emanando coisas boas e desejando que tudo estivesse correndo bem na sua vida. Cuidando de longe. E segui meu caminho, como se você fosse uma página linda, boa, mas virada.
Ocorre que, depois de um tempo, inevitavelmente você começou a voltar à minha cabeça. Me lembrei de tudo de bom que nós passamos e dos mínimos detalhes que afagavam nossos calorosos dias juntos, mesmo no mais frio inverno. Me lembrei do pelo no seu pescoço, que era o lugar mais gostoso para estar depois de um dia longo, de como você nunca se afastava de mim quando eu aquecia meus pés e mãos na sua pele, de como você me deixava segura quando chegava nos locais onde eu estava. Me lembrei do seu sorriso quando me via depois de algum tempo. Do seu apetite para absolutamente tudo que via pela frente - de dar gosto de ver comendo. De como você resolvia partes da minha vida de uma forma tão simples, e com tanto prazer que me deixava até sem jeito. De como você me conhecia tão bem, melhor do que ninguém, pra entender minha estranha mania de querer ficar sozinha no quarto por algumas horas. Lembrei das horas difíceis que passamos juntos, como quando você perdeu o emprego, quando eu quase fui demitida, quando levaram minha bike e logo em seguida a sua e depois de cada um desses episódios só um abraço já resolvia 99% dos nossos problemas. Lembrei dos nossos programas e de como nos entendíamos tão bem. Das nossas conversas maduras sobre relacionamento e como pedir desculpa era sempre a melhor saída, não importando que estivesse certo. De como sua costela e seu braço encaixavam tão bem no meu corpo, que parecia até que tinha sido feito sob medida. Lembrei de como ficar de conchinha com você assistindo filme uma tarde de domingo inteira era melhor do que qualquer outro programa. Até da cara linda que você fazia quando gozava e do seu beijo molhado e abraço caloroso depois do sexo.
Lutei muito contra essas lembranças. Lutei por achar que era um erro voltar ao passado já que a página já havia sido virada, depois de tanta dificuldade de seguir adiante. Me reaproximei de você e sempre que nos víamos era como se eu voltasse pra casa, uma sensação boa de conforto, de segurança, de bem estar, de que estava ao lado de alguém que falava a mesma língua que eu. Sinto que juntos somos invencíveis. Que ninguém nunca será capaz de arranhar esse diamante que é o nosso amor um pelo outro. Mas ainda relutante, com medo mesmo. Quando você me falava algumas coisas no meio de nossas conversas, fazia referências ao passado e me dava qualquer elogio eu sentia uma alegria enorme no peito mas tentava mudar de assunto. Por medo, puro medo do que poderia sentir ou acontecer.
Até então nossa amizade estava tão boa e se fortificando a cada dia, que pensei que envolver algo mais pudesse estragar. Mas algumas coisas fogem do nosso controle, né?! Nem tudo depende do que nós planejamos. E me vi, novamente, cogitando voltar a ter um relacionamento com você. Um novo relacionamento, já que a essa altura tínhamos virado pessoas completamente diferentes. Mais maduras, evoluídas e companheiras. Me apaixonei de novo por você, perdidamente, a ponto de querer ver todo dia, abraçar todo dia, rir todo dia.
Mas como nem tudo são flores, você encontrou outra pessoa. Pior. Eu te apresentei essa pessoa. E você passou a sentir o mesmo que eu senti há um ano atrás por outro alguém. Eu pude sentir o que você sentiu por mim há um ano atrás. Estou arrasada, porque quando finalmente nós estávamos nos reaproximando tudo muda.
Me senti profundamente culpada por ter sentido ciúmes. Afinal de contas, que direito eu tenho? Somos só amigos há mais de um ano e você nunca demonstrou ciúmes por mim, pelo contrário, só muito afeto e amizade. Mas a verdade é que eu estou devastada por dentro. Ainda mais porque sei que você está feliz como há muito não ficava. E pode ter certeza, o que eu mais quero nesse mundo é a sua felicidade, porque você me fez muito feliz durante muitos anos. A experiência de amar e ser amada. Eu vivi. E foi mágico. Lindo. Já posso morrer feliz.
Hoje vejo que preciso te deixar ir, viver a sua história. Vou sentir muita, mas muita saudade mesmo, de doer o peito, de derramar algumas lágrimas antes de dormir, já que tudo ao meu redor me lembra você. Mas é justo que você viva sua nova experiência livre, como eu vivi. Se for pra gente se encontrar lá na frente, o universo vai prover. Se não, fica aqui meu agradecimento por tudo que nós vivemos e a torcida por dias melhores sempre.
Pode me incluir no seu número de emergência porque eu, como uma leoa, sou capaz de matar por você. Da mesma forma você sempre vai ser meu número, pois tenho uma certeza lá no fundo de que você vai levar meu corpo pra minha mãe se eu morrer.

E é com muita dor que eu te escrevo isso.

Se cuida.

Adeus.