A gripe começa a consumir não só meu corpo. Minha mente se entrega à meditação. Perdida nos pensamentos, começo a me perguntar onde estaria agora se não fosse essa gripe. Onde estaria se não fosse 2009, se fosse 2010 ou 2015. As pessoas que um dia fizeram parte da minha vida hoje são apenas lembranças, pensamentos avulsos que vêm e vão quando sinto algum perfume, escuto alguma música ou quando é domingo. E algumas pessoas que eu pensei que nunca fossem cruzar o meu caminho hoje estão aqui, nos registros de chamadas mais recentes do meu celular. O meu copo preto parece estar sempre vazio e eu pareço estar sempre indo à geladeira enchê-lo de água. Penso no meu futuro, de como será maravilhoso quando eu estiver pegando o metrô pra chegar à faculdade ou ao trabalho. Trocaria, sem pensar duas vezes, o meu carro vermelho com som pelo metrô de uma cidade grande qualquer. Agora mesmo. Olho pro caderno ao lado e me lembro que ainda tenho quatro anos parada no mesmo lugar fazendo um curso que eu não gosto mas que, reza a lenda, dá dinheiro fácil. Quando penso em me mudar me falam pra pensar nos amigos que eu vou deixar pra trás, que vou deixar de ver diariamente. Mas, incrivelmente, meus melhores amigos são aqueles que eu tenho menos contato. Com alguns eu só falo uma vez por mês e a amizade continua forte e fiel, sem muitas cobranças sobre a frequência com que nos falamos. Com o passar do tempo acabo passando mais tempo com pessoas que não gosto do que com as que gosto. Difícil de explicar o motivo. A rotina, que infelizmente no meu caso é chata, me obriga a passar muito tempo com pessoas pouco interessantes, pelo menos pra mim, já que todo mundo é interessante pra alguém. Olho pro calendário no meu painel e peço pro tempo passar depressa, pra essa fase passar logo, apesar de eu não ter nada exorbitantemente ruim para reclamar, mas também não tenho nada de exorbitantemente bom para me vangloriar e aproveitar. O sensato seria eu pedir pro tempo passar devagar já que a juventude é a melhor fase da vida, pelo menos é o que eles dizem. Por enquanto ela não passa de uma fase monótona, mais um preparatório para a promissora fase seguinte, quando eu estiver formada. A quantidade de água que eu bebo por dia pra ocupar meu tempo acaba me forçando à ir ao banheiro várias vezes por dia, e até isso se tornou uma atividade irritante (Por que as pessoas têm que ter necessidades fisiológicas?).
Meu copo está vazio de novo. Geladeira.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Bom! Segundo Maslow: o homem é motivado segundo suas necessidades que se manifestam em graus de importância. Então, o ser humano é motivado constantemente e como as necessidades fisiológicas são as “necessidades inicias” precisamos saciá-las para que outras necessidades surjam e ocupe o lugar. Ex: Quanto há pão suficiente e sua fome já foi saciada, imediatamente, surge outra necessidade para substituir, que não seja fisiológica.
Não sei se isso explica, mas já é alguma coisa. Além de ser a ordem natural das “coisas”, você comeu (vai ter que sair (risos)), você fez atividade física e suou (vai ter que beber h2o) e assim sucessivamente... Tipo: necessário quase obrigatório.
Trocaria sem pensar sua cidade grande por uma no meio do mato. E por curiosidade curso o que?
O texto me fez lembrar de uma frase do Carlos D. de Andrade: “tenho duas mãos e o sentimento do mundo.”
Tenho o defeito terrível de julgar antes de conhecer e sempre estou errado, tem amigos (e poucos) que nossa... já pensei barbaridades. Mas o bom é que sou agradável com todos (risos) isso é que “disse” o meu signo.
Beijocas múltiplas e quilométricas.
Obs.: fico feliz por nos acompanhar, o “dentrodosolhos” e eu. (ele tem vida própria)
Postar um comentário