sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cardio


Não sei mais como me referir a você usando a segunda pessoa do singular. Não sei se a dificuldade mora na segunda pessoa ou no singular. Só sei que não sei mais como falar. Não sei se falo de você ou se falo com você. É muito solitário falar sozinha e ao mesmo tempo você está muito longe pra escutar o que eu tenho pra falar. Não é exatamente uma distância física, porque pra resolver essa dá-se um jeito. A nossa distância tem uma unidade de medida ainda não inventada pela engenharia moderna.
Um coração se perdeu e o outro esfriou. O coração perdido sente tudo ao mesmo tempo, ódio, amor, vício, inconformismo, decepção, culpa, solidão.O coração frio já não sente mais nada. É aquele coração que foi esquecido na neve minutos antes da avalanche.  

...

No final das contas os dois corações são da mesma pessoa. A minha pessoa. Em momentos diferentes. 

...

Meu coração está doente. Talvez um cardiologista conserte, ainda não tentei. Um psiquiatra pode remediar, mas curar, duvido muito. Você já tem carência de músculo cardíaco, também não pode me ajudar. Só um novo. Vou pra fila de espera.

Preciso de um doador.

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