"Os dias vão passando, eu me acalento e digo muitas vezes, como um refrão interminável: fique bem. Seja feliz seria demais. (...) Eu não sigo. Fico aqui parada, com as rodas emperradas naquele tempo que
não volta. Suspiro e penso: fique bem, Letícia. Só por hoje eu não vou
chorar, primeira regra dos recém abandonados. E amanhã? Um dia depois do
outro e toda essa estupidez sobre o poder curativo do tempo. O tempo só
nos torna mais cínicos. Amanhã não sei, hoje está péssimo. (...)"
Mas ela anda tão ocupada que só se lembra dela mesma à noite, meia hora antes de desmaiar. A dor de cabeça é grande depois de um dia inteiro de afazeres e preocupações, mas é infinitamente menor do que a dor do vazio dentro do peito, a dor de não ter nada pra sentir. Ela lava o rosto, tira a roupa, se embrulha e deixa o peso das pálpebras comandar o resto do corpo. Amanhã quanto mais ocupada ela se mantiver, melhor. E a agenda já está cheia até o final do mês.
Que venham mais dores de cabeça no fim do dia.
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