terça-feira, 21 de abril de 2009

Vermelho sangue

Sensação de peixe fora d'água... Como se eu fosse uma pessoa por dentro e por fora outra oposta. Sensação estranha... Parece que eu carrego dentro de mim minha verdadeira essência e por fora me enganasse andando por lugares e falando com pessoas que não correspondem ao que eu considero "verdade", por mais confuso que isso possa parecer... As pessoas ao redor parecem dramatizar minhas fraquesas, meus medos, meus erros. E eu me sinto mal por "me" ver dessa forma. É como se meus erros se repetissem e eu ficasse assistindo de camarote, como se não tivesse aprendido com eles.
Mudança, é o ingrediente que está faltando. Chega de vergonha das pessoas, medo de rever o passado, falta de auto-estima e auto-confiança. Chega de fingir que não conhece as pessoas com vergonha do que elas podem pensar. Chega de se sentir mal porque alguém fingiu que não me viu, me sentir um lixo por causa dos outros. Chega de me rebaixar, com medo de assustar alguém com meu poder.
É hora de ousar. Hora de colocar um brinco amarelo, escovar os cabelos ruivos, soltar um gargalhada bem alta, escutar músicas que ninguém conhece, segurar uma taça de tequila com unhas vermelho sangue. Hora de atender o celular com um sorriso e passar horas falando, assistir palestras que ninguém assiste, falar com as pessoas do fundo da sala, rir de uma piada infantil, fazer listas de compromissos. Está na hora de colocar um salto alto, um brinco enorme, uma maquiagem de top na passarela, um microvestido, um batom vermelho e um perfume marcante. É hora de se reafirmar, falar o que pensa, sorrir da rotina, rever os conceitos, arrumar o guarda-roupa, beber água de côco, comer pimenta com chocolate, inventar receitas na cozinha, sonhar acordada, ler livros de histórias, ler as crônicas do Veríssimo, comer morango, viajar pra Fortaleza, fazer arte, as malas e amigos.
O momento é esse. O mundo mudou completamente e isso é perceptível na pele. Há um degrau enorme à frente e muita coisa será deixada para trás. O degrau é alto, difícil de subir, mas a recompensa é valiosa. Só precisa-se de um pouco de solidão, força para enfrentar as coisas sozinha, pois a vida é cheia de passagens, de idas e vindas, não se pode ficar parado em um lugar só.
Percebi que tenho certeza de que é disso que eu preciso, é isso que está acontecendo e é assim que vai continuar. O que permanecer será a confirmação de que faz parte da minha essência. O que ficar para trás será uma parte do passado. O passado é uma carga carregada para o resto da vida. Mas passado é passado, jamais retornará. O que tiver que ser, será.
Já me sinto meio vermelho sangue.

Um comentário:

ઇ‍ઉ disse...

amiga, eu já tô vermelho sangue tbm..de cum frente à esse enorme degrau, já pagando pelo preço da escalada..mas, como a palavra já diz, a recompensa, compensa todo o esforço, e mto!
Lindo texto!