quarta-feira, 29 de abril de 2009

Castelo de areia


Sozinha, sentada numa mesa de estudos, pensando no amanhã... Se é que ele realmente existe; ou é só uma previsão que fazemos devido às inúmeras vezes que ele se concretizou. É um esforço diário, contínuo. Quando finalmente tudo fica perfeito e não é necessário nenhum ajuste, as coisas começam a desmoronar de novo, o castelo de areia é destruído pela onda do mar. E novamente se tenta reconstruí-lo, melhorando algumas portas, abrindo umas janelas e fechando outras. E o trabalho recomeça. "Desta vez o castelo deve ser maior". E a medida que as nossas habilidades em construir castelos de areia aumentam, também aumentam e ficam mais fortes as ondas, além de aparecerem outras variantes como o vento, as pegadas, os ciscos nos olhos. E quando o vento parece dar uma trégua é preciso parar pra pensar em uma estratégia melhor de se construir o castelo.
E aqui estou eu, sozinha, não mais na mesa de estudos, mas na esteira, com o olhar perdido na televisão, pensando no meu castelo. Alguns pilares precisam ser reforçados. Eles não estão ali só para enfeitar o castelo para as visitas, mas para reforçar a construção e evitar que ela seja demolida com a próxima onda, sempre mais forte que a anterior. Algumas torres, belas torres, precisam definitivamente serem demolidas. Elas já foram glamurosas no passado, mas agora estão em ruínas e o vento pode derruba-las a qualquer momento, comprometendo o resto do castelo.
E novamente eu me encontro sozinha, na mesa de um bar, com um copo na mão. As pessoas falam sem parar, mas eu não consigo achar nada daquilo interessante. Só um monte de coisas supérfluas e que em nada podem me ajudar com o meu dilema, com a reconstrução do meu castelo. Elas sempre têm alugum conselho para dar sobre como demolir torres, como construir salas belíssimas, como evitar que as ondas derrubem todo o castelo. O que elas não sabem é que cada um tem o seu castelo. Cada pessoa sabe onde foram colocados os pilares, onde a construção é fraca e onde ela é forte. E o mais importante: cada um constrói seu castelo sozinho. Por mais que elas me digam como fazer, só eu posso enfiar minhas mãos na areia molhada e construí-lo. Ninguém mais.
O vento não está tão forte no momento, e as ondas não ameaçam aparecer por enquanto. Mas o castelo encontra-se em ruínas. Está fragilizado com a última onda. Precisa de reparos. Desta vez os pilares devem ser bem mais fortes. E, sozinha, eu enfio minhas mãos na areia mais uma vez.

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Um comentário:

ઇ‍ઉ disse...

eu adorei isso!..adorei esse monte de imagens do castelo de areia..lembrei do meu...
;)
ahh, é verdade, os coment's e todo o layout do blog serão modificados,em breve!..mas pode continuar lendo, mlhr..rsrs