segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O adeus trás a esperança escondida

Boa tarde,

Venho, por meio deste, fazer uma declaração muito difícil porém necessária. Não quero mais te ver. Pronto, falei. Vivemos uma linda e inesquecível história de amor, que vai ficar marcada na minha vida como uma tatuagem bem grande, como um marco. Mas é hora de te deixar ir. Nós terminamos há pouco mais de um ano por muitas brigas bobas e opiniões diversas. Acho que foi a melhor coisa que fizemos na época pois só assim foi possível nos preservar. Nesse meio tempo eu, sem planejar ou buscar, acabei encontrando outro amor. Fui feliz, muito feliz. Senti novamente aquela euforia, me senti jovem, disposta, agitada, como se estivesse conhecendo uma nova cidade, um novo país, um novo mundo. E por medo de que essa sensação fosse de alguma forma ameaçada,  me afastei de você. Mantive, claro, uma amizade longe, sempre emanando coisas boas e desejando que tudo estivesse correndo bem na sua vida. Cuidando de longe. E segui meu caminho, como se você fosse uma página linda, boa, mas virada.
Ocorre que, depois de um tempo, inevitavelmente você começou a voltar à minha cabeça. Me lembrei de tudo de bom que nós passamos e dos mínimos detalhes que afagavam nossos calorosos dias juntos, mesmo no mais frio inverno. Me lembrei do pelo no seu pescoço, que era o lugar mais gostoso para estar depois de um dia longo, de como você nunca se afastava de mim quando eu aquecia meus pés e mãos na sua pele, de como você me deixava segura quando chegava nos locais onde eu estava. Me lembrei do seu sorriso quando me via depois de algum tempo. Do seu apetite para absolutamente tudo que via pela frente - de dar gosto de ver comendo. De como você resolvia partes da minha vida de uma forma tão simples, e com tanto prazer que me deixava até sem jeito. De como você me conhecia tão bem, melhor do que ninguém, pra entender minha estranha mania de querer ficar sozinha no quarto por algumas horas. Lembrei das horas difíceis que passamos juntos, como quando você perdeu o emprego, quando eu quase fui demitida, quando levaram minha bike e logo em seguida a sua e depois de cada um desses episódios só um abraço já resolvia 99% dos nossos problemas. Lembrei dos nossos programas e de como nos entendíamos tão bem. Das nossas conversas maduras sobre relacionamento e como pedir desculpa era sempre a melhor saída, não importando que estivesse certo. De como sua costela e seu braço encaixavam tão bem no meu corpo, que parecia até que tinha sido feito sob medida. Lembrei de como ficar de conchinha com você assistindo filme uma tarde de domingo inteira era melhor do que qualquer outro programa. Até da cara linda que você fazia quando gozava e do seu beijo molhado e abraço caloroso depois do sexo.
Lutei muito contra essas lembranças. Lutei por achar que era um erro voltar ao passado já que a página já havia sido virada, depois de tanta dificuldade de seguir adiante. Me reaproximei de você e sempre que nos víamos era como se eu voltasse pra casa, uma sensação boa de conforto, de segurança, de bem estar, de que estava ao lado de alguém que falava a mesma língua que eu. Sinto que juntos somos invencíveis. Que ninguém nunca será capaz de arranhar esse diamante que é o nosso amor um pelo outro. Mas ainda relutante, com medo mesmo. Quando você me falava algumas coisas no meio de nossas conversas, fazia referências ao passado e me dava qualquer elogio eu sentia uma alegria enorme no peito mas tentava mudar de assunto. Por medo, puro medo do que poderia sentir ou acontecer.
Até então nossa amizade estava tão boa e se fortificando a cada dia, que pensei que envolver algo mais pudesse estragar. Mas algumas coisas fogem do nosso controle, né?! Nem tudo depende do que nós planejamos. E me vi, novamente, cogitando voltar a ter um relacionamento com você. Um novo relacionamento, já que a essa altura tínhamos virado pessoas completamente diferentes. Mais maduras, evoluídas e companheiras. Me apaixonei de novo por você, perdidamente, a ponto de querer ver todo dia, abraçar todo dia, rir todo dia.
Mas como nem tudo são flores, você encontrou outra pessoa. Pior. Eu te apresentei essa pessoa. E você passou a sentir o mesmo que eu senti há um ano atrás por outro alguém. Eu pude sentir o que você sentiu por mim há um ano atrás. Estou arrasada, porque quando finalmente nós estávamos nos reaproximando tudo muda.
Me senti profundamente culpada por ter sentido ciúmes. Afinal de contas, que direito eu tenho? Somos só amigos há mais de um ano e você nunca demonstrou ciúmes por mim, pelo contrário, só muito afeto e amizade. Mas a verdade é que eu estou devastada por dentro. Ainda mais porque sei que você está feliz como há muito não ficava. E pode ter certeza, o que eu mais quero nesse mundo é a sua felicidade, porque você me fez muito feliz durante muitos anos. A experiência de amar e ser amada. Eu vivi. E foi mágico. Lindo. Já posso morrer feliz.
Hoje vejo que preciso te deixar ir, viver a sua história. Vou sentir muita, mas muita saudade mesmo, de doer o peito, de derramar algumas lágrimas antes de dormir, já que tudo ao meu redor me lembra você. Mas é justo que você viva sua nova experiência livre, como eu vivi. Se for pra gente se encontrar lá na frente, o universo vai prover. Se não, fica aqui meu agradecimento por tudo que nós vivemos e a torcida por dias melhores sempre.
Pode me incluir no seu número de emergência porque eu, como uma leoa, sou capaz de matar por você. Da mesma forma você sempre vai ser meu número, pois tenho uma certeza lá no fundo de que você vai levar meu corpo pra minha mãe se eu morrer.

E é com muita dor que eu te escrevo isso.

Se cuida.

Adeus.

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